Museu Nacional do Qatar
Qatar, o país mais rico do mundo (per capita) investiu 356 milhões de euros no novo Museu Nacional. O edifício, construído junto ao mar, em Doha, foi projetado pelo famoso arquiteto Jean Nouvel.
O museu levou 18 anos para ser construído e é tão grande (40 mil metros quadrados) que os curadores têm dificuldades em encontrar obras suficientes para encher o museu.
Foi Jean Nouvel quem desenhou o Louvre de Abu Dhabi, o enorme museu à beira-mar (80 mil metros quadrados) construído na capital dos Emirados Árabes Unidos, o grande adversário político-econômico do Qatar no Médio-Oriente.
O museu, aberto em 2017, licencia o nome do Louvre parisiense pelo menos até 2047. Os Emirados Árabes Unidos pagaram 96 milhões de euros pelo museu, mas foram precisos 467 milhões de euros para comprar o nome. Os empréstimos de arte entre os museus vão custar outros 665 milhões de euros ao país.
Por comparação, o Museu Nacional do Qatar apostou na arquitetura como fator de distinção.
O edifício imita uma “rosa do deserto”, uma rocha cuja forma foi moldada durante séculos pela agregação de areias. O resultado é uma acumulação de discos em círculos e ovais delicadas, que passaram de pedra frágil para cimento branco na obra de Jean Nouvel.
A exposição permanente do Museu Nacional do Qatar narra a história do país e da região, desde os fósseis mais antigos do Qatar até à descoberta de petróleo no país. A arte inclui artefatos históricos, trabalho artesanal e peças de artistas nacionais.
O museu encontra-se envolto por um projeto de paisagismo impressionante que remete as paisagens típicas do Catar, alternando dunas, pântanos e oásis.
Construído inteiramente com espécies nativas, este parque urbano conta a história do Catar e como esta cultura floresceu em um ambiente completamente hostil como o deserto.
Grandes gramados são o lugar perfeito para deitar e relaxar a luz do luar enquanto que uma área de estacionamento para até 430 veículos se integra ao parque para facilitar o acesso ao museu.
O edifício é como uma rosa do deserto, um grande bloco desde onde brotam uma série de discos inter-travados. Estas plataformas suspensas possuem seções esféricas e os mais variados diâmetros. Em determinados momentos estes discos se apoiam uns nos outros ou funcionam como estruturas de travamento do edifício. Assim como no exterior, a paisagem interior reflete esta mesma lógica, com planos e plataformas interligadas que atravessam o espaço.
Os acabamentos são neutros e monocromáticos como a paisagem desértica do lado de fora. Os pisos foram executados em concreto aparente polido, com um tom arenoso e pequeníssimos agregados minerais. As paredes conservam esta mesma aparência, como se tudo fosse construído a partir de um mesmo material, como se o edifício fosse uma formação rochosa que nasce em meio ao deserto do Golfo Pérsico.
Tal foi o investimento na arquitetura que no interior não existem paredes verticais, onde se possam pendurar quadros, e é raro o espaço dedicado a galerias e futuras instalações de arte.
O espaço, como relatou o jornal Financial Times, é tão vasto, e tão excêntrico, que serve como a própria exposição: “O Museu é pontuado por enormes peças de arte, que falham completamente. O edifício é a obra de arte. A “rosa do deserto”, algo que a natureza cria com inocência e deixa no deserto para os olhos de ninguém, é inflacionado e exagerado a um custo brutal e como um complexidade estrutural louca que criam o símbolo para uma nação”.
O projeto de Jean Nouvel é, nas palavras do arquiteto, a materialização do que o Catar é: “Um lugar de encontro entre o mar e o deserto”. Na imagem, algumas chamas são acesas durante a celebração da festa inaugural.