Edifício Martinelli
O primeiro arranha céu da América Latina, o Edifício Martinelli está localizado no centro de São Paulo entre as ruas São Bento, Avenida São João e a Rua Libero Badaró.
O Edifício foi projetado pelo seu idealizador, o italiano Giuseppe Martinelli, em 1924 e simbolizou progresso da cidade. Mais de 600 operários trabalharam nas obras. A construção foi iniciada em 1924 e a inauguração aconteceu em 1929, com 20 andares.
Com o passar dos anos, novos pisos complementaram a construção. O objetivo de Martinelli, contudo, era chegar aos 30 andares. A obra gerou muita polêmica, pois até então não havia nenhum prédio em São Paulo com grande altura. Na época, edifícios com mais de 10 andares eram considerados muito altos.
HISTÓRIA
Em 1889 um imigrante Italiano desembarcava no Porto do Rio de Janeiro – seu objetivo era o mesmo de tantos outros que chegavam a América: Prosperar! Esse imigrante, chamado Giuseppe Martinelli, foi excepcionalmente bem-sucedido e em pouco mais de duas décadas havia construído um respeitável patrimônio.
Desejoso por deixar um legado mais permanente de seu trabalho, além de sua importante empresa de navegação em Santos, o Comendador Martinelli decide erguer na cidade São Paulo o mais alto arranha-céu da América Latina, o Edifício Martinelli.
A obra prometia uma enorme polêmica, pois em São Paulo até então não possuía nenhum edifício de grande estatura, sendo raros os prédios com mais de 5 andares. Planejado para alcançar a barreira dos 100 metros de altura, em uma estrutura não apenas alta como significativamente larga, o Edifício Martinelli marcaria uma transição para a era dos arranha-céus. Passou por momentos difíceis na década de 1960 até 1975, foi quando Olavo Setúbal tornou-se prefeito de São Paulo, o prédio foi recuperado e voltou a ser um orgulho para a cidade.
Em 1924 deu início à construção do prédio projetado para ter 12 andares, num grande terreno na então área mais nobre da capital, entre as ruas São Bento, Líbero Badaró e avenida São João. O autor do projeto era o arquiteto húngaro William Fillinger, da Academia de Belas Artes de Viena. Todo o cimento da construção era importado da Suécia e da Noruega, pela própria casa importadora de Martinelli. Nas obras trabalhavam mais de 600 operários. 90 artesãos, italianos e espanhóis, cuidavam do esmerado acabamento. Os detalhes da rica fachada foram desenhados pelos irmãos Lacombe, que mais tarde projetariam a entrada do túnel da avenida 9 de Julho. Diversos imprevistos prolongaram as obras: as fundações abalaram um prédio vizinho – problema resolvido com a compra do prédio por Martinelli; os cálculos estruturais complexos levaram à importação de uma máquina de calcular Mercedes da Alemanha.
Enquanto isso, Martinelli não parava de acrescentar andares ao edifício, estimulado pela própria população que lhe pedia uma altura cada vez maior – de 12 passou para 14, depois 18 e em 1928 chegou a vinte e quatro. Nessa época o próprio Martinelli já havia assumido o projeto arquitetônico, e, não se satisfazendo em fiscalizar diariamente as obras, também trabalhava como pedreiro – retomando assim a profissão que exercera na juventude na Itália – e demonstrava enorme prazer em ensinar aos operários mais jovens os macetes da profissão.
Quando o prédio atingiu vinte e quatro andares, foi embargado, por não ter licença e desrespeitar as leis municipais – havia um grande debate na época sobre a conveniência ou não de se construir
prédios altos na cidade. A questão foi parar nos tribunais e assumiu contornos políticos, sendo aproveitada pela oposição para fustigar Martinelli e a prefeitura municipal. A questão foi resolvida por uma comissão técnica que garantiu que o prédio era seguro e limitando a altura em 25 andares. O objetivo de Martinelli, contudo, era chegar aos 30 andares, e o fez construindo sua nova residência com cinco andares no topo do prédio – tal como Gustave Eiffel fizera no topo de sua torre.
DETALHES
O Martinelli impressionava não só pelas dimensões como pela rica ornamentação e luxuoso acabamento: portas de pinho de Riga, escadas de mármore de Carrara, vidros, espelhos e papéis de parede belgas, louça sanitária inglesa, elevadores suíços – tudo o que havia de melhor na época; paredes das escadas revestidas de marmorize, pintura a óleo nas salas a partir do 20º andar, 40 quilômetros de molduras de gesso em arabescos.
O prédio possui reentrâncias, comuns nos hotéis norte-americanos da época, para ventilação e iluminação, e apresenta as três divisões básicas da arquitetura clássica: embasamento, corpo e coroamento. O embasamento é revestido de granito vermelho; no coroamento, falsa mansarda de ardósia. O corpo é pintado em três tons de rosa e recoberto de massa cor-de-rosa, uma mistura de vidro moído, cristal de rocha, areias muito puras e pó-de-mica, que fazia a fachada cintilar à noite. O revestimento tem três tons de rosa. O Martinelli inspirou Oswald de Andrade a chamar pejorativamente São Paulo de “cidade bolo de noiva”.
Entre os inquilinos do prédio, partidos políticos como o PRP, jornais, clubes (ente eles o Palmeiras e a Portuguesa), sindicatos, restaurantes, confeitarias, boates, um hotel (São Bento), o cine Rosário, a escola de dança do professor Patrizi. O tino comercial do Comendador Martinelli se revelava até nas empenas cegas do prédio, que serviam de outdoor gigante para uma série de produtos, entre eles a “pasta dental Elba”, o “café Bhering” e a aguardente Fernet Branca – importada pelo próprio Martinelli.
Mesmo antes de sua conclusão o prédio já havia se tornado um símbolo e ícone de São Paulo – em 1931 o inventor do rádio, Guglielmo Marconi, visitou a cidade e foi levado até o topo do edifício. Quando o Zeppelin sobrevoou a cidade em 1933, deu uma volta em torno do Martinelli.
DEGRADAÇÃO E RECUPERAÇÃO
A partir da década de 50, o edifício entrou em uma fase de degradação extrema, ocupado por um número elevado moradores de rua, com o lixo sendo jogado nos buracos do elevador e servindo de cenário para alguns dos crimes mais famosos da época.
Em 1975, foi desapropriado pela prefeitura e completamente reformado pelo Prefeito Olavo Setúbal. Após muitas mudanças positivas na sua aparência e estrutura, o Edifício Martinelli foi reinaugurado em 1979. Hoje ele abriga as Secretarias Municipais de Habitação e Planejamento, as empresas Emurb e Cohab-SP, a sede do Sindicato dos Bancários de SP além de diversos estabelecimentos comerciais na parte térrea do edifício.
No 26º andar do prédio existe um terraço do qual se tem uma visão panorâmica da cidade, podendo-se avistar diferentes pontos da cidade de São Paulo e seus arredores, como o Pico do Jaraguá, as antenas da Paulista e os milhares de prédios que compõem a paisagem urbana da cidade. Também nesse espaço (cobertura) foi construída a “Casa do Comendador”, réplica de uma villa italiana, onde a elite de São Paulo se reunia em suntuosas festas. Foi construída como moradia da família Martinelli para “provar” ao povo que o prédio não cairia. O espaço é aberto para visitação em todos os dias da semana.
No ano de 2008, a cobertura do edifício passou por reformas em sua infraestrutura. Após dois anos de obras, o local foi reaberto, porém, agora pertencente à prefeitura, com diversos escritórios. É um prédio com grande símbolo arquitetônico e já foi lugar para encontros da classe alta paulistana. Há um projeto da prefeitura de São Paulo para abrir lojas, restaurantes e bares na cobertura do edifício.
Atualmente, o prédio é um dos principais símbolos arquitetônicos do Brasil, já foi ponto de encontro da alta sociedade paulistana. Por lá já passaram o Cine Rosário, barbearias, lojas, uma igreja e o luxuoso Hotel São Bento.
O Edifício Martinelli realiza visitas educativas mediante de agendamento prévio de segunda à sexta.
As visitas atendem a grupos de escolas e universidades privadas e publicas, cursos técnicos, projetos sociais e organizações não-governamentais gratuitamente.